O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)começou a adotar dois discursos. Em público e com aliados menos importantes, insiste que será candidato à Presidência da República em 2026, daqui a um ano e quatro meses. As urnas estão batendo à porta — ele sabe disso.

Porém, privadamente, Jair Bolsonaro começa a admitir que não terá como ser candidato a presidente em 2026.

O líder do Partido Liberal já está condenado em um processo e, por isso, é inelegível. Portanto, sua preocupação agora é outra: seus advogados vão operar, de maneira o mais pacífica possível, não para evitar a condenação no outro processo que está no Supremo Tribunal Federal — que é tida como certa —, e sim para livrá-lo da cadeia.

Então, se sabe que não poderá ser candidato, por qual estrada real seguirá Jair Bolsonaro em termos de eleições presidenciais?

Ao contrário do que pensa Eduardo Bolsonaro (PL), seu pai não o apoiará para a Presidência. Porque receia que o filho poderá ficar inelegível e, até, ser condenado à prisão pelo STF.

Jair Bolsonaro também não apoiará Michelle Bolsonaro, porque considera que é mais fácil elegê-la senadora em Brasília. Ela ganhará oito anos no Congresso.

Então, sem Eduardo Bolsonaro e Michelle, quem restará para Jair Bolsonaro apoiar? Só dois nomes sobraram.

Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas: viáveis

O ex-presidente poderá apoiar, para a disputa de 2026, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, ou de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil.

Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado são vistos por Jair Bolsonaro como políticos realmente de direita, e não de uma direita circunstancial, que só aparece como tal em períodos eleitorais.

Jair Bolsonaro sabe que, em termos ideológicos, as convicções de Ronaldo Caiado são, além de mais arraigadas, mais sólidas. Porém, sua ligação pessoal é mais com Tarcísio de Freitas.

Porém, se Tarcísio de Freitas continuar insistindo que será candidato à reeleição — acatando a sugestão de seu eminência parda, Gilberto “José de Paris” Kassab —, Jair Bolsonaro poderá acabar apoiando Ronaldo Caiado para presidente.

Numa conversa com um aliado, possivelmente falando a sério, Jair Bolsonaro teria dito que a chapa ideal, com ele fora da disputa, é com Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado juntos. Seria o político da infraestrutura, Tarcísio de Freitas, com o político da segurança, Ronaldo Caiado.

Mas quem seria o candidato a presidente? No momento, não é possível cravar. Tanto pode ser Ronaldo Caiado quanto Tarcísio de Freitas. Um pode ser vice do outro. A chapa está aí. É a que defende Jair Bolsonaro, ao menos nos bastidores, entre os amigos íntimos.

Numa das conversas, teria dito que Ronaldo Caiado poderia ser o vice de Tarcísio de Freitas. E, se este fosse eleito, seria indicado para o Ministério da Justiça para resolver o problema da segurança pública no país — como fez em Goiás.

Por sinal, quando fala em segurança, Jair Bolsonaro começou a dar o exemplo de Goiás. (E.F.B.)