Presidente cobra do PT e aliados candidatos competitivos para a disputa do governo e do Senado em 2026
Marcus Vinícius de Faria Felipe
No encerramento do XVI Congresso Nacional do PSB, realizado em Recife (PE), no último final de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou e fez um apelo aos partidos que compõe a base do governo: trabalhar pela eleição de senadores, para garantir governabilidade e impedir o projeto da extrema-direita, que promete fazer maioria no Senado e promover impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal.
“Precisamos ganhar maioria no Senado, senão esses caras (a extrema-direita) vão avacalhar a Suprema Corte. Não é porque a Suprema Corte é uma maçã doce. Não. É porque precisamos preservar as instituições que garantem o exercício da democracia nesse país. Se a gente for destruir o que a gente não gosta, não vai sobrar nada”, afirmou Lula.
Candidatíssimo à reeleição, Lula brincou:
“Podem ter certeza que, se eu tiver bonitão do jeito que eu estou, apaixonado do jeito que eu estou, e motivado do jeito que eu estou, a extrema direita não volta a governar esse país,” enfatizou.

Ampliar alianças
Lula também falou da necessidade de ampliar as aliança ao centro, e em tom pragmático, disse que a prioridade do PT não é a eleição de governadores, mas garantir mais deputados e mais senadores para a base governista.

Chapa em Goiás
O discurso de Lula põe a bola em campo para o Partido dos Trabalhadores de Goiás entrar em campo, e cabe à legenda trabalhar nomes para cumprir a tarefa designada pelo líder maior.
Fortalecida por uma votação consistente nas eleições para prefeitura de Goiania, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) tem figurado em pesquisas eleitorais como nome forte para as eleições em 2026. Em alguns levantamentos ela aparece empatada na disputa pelo governo do Estado com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), e com o senador Wilder Morais (PL). Tudo indica que ela será candidata à reeleição, mas um convite do presidente Lula pode mudar esta trajetória, para uma candidatura ao governo ou ao Senado.

Outro nome que saiu fortalecido das eleições de Goiânia é o vereador Edward Madureira (PT). Ex-reitor da Universidade Federal de Goiás, Edward é reconhecido como um excelente gestor público, que fez a UFG avançar, mesmo em tempos de crise com a falta de verbas dos governos de Michel Temer (2016-2018) e de Jair Bolsonaro (2019-2022). Foi em meio a cortes de gastos para a universidade que Edward Madureira se superou como reitor e inaugurou a ampliação do Hospital das Clínicas da UFG, que é a maior unidade de saúde do Estado.
Durante seu tempo de reitoria, Edward Madureira desenvolveu sólida amizade com o então ministro da Educação, Fernando Haddad. O atual ministro da Fazenda é um dos favoritos ao Senado em São Paulo, conforme mostrou a última amostra do Paraná Pesquisa. Será que Haddad convence Edward a trabalhar para serem colegas no Senado?
Edward Madureira, assim como Adriana Accorsi, é um dos coringas do PT, e pode encabeçar a chapa ao governo ou ao Senado, com chances de garantir uma cadeira na Câmara Alta para o PT.

“Intindimento com Marconi”
Cortejada pelo próprio presidente Lula para assumir o Ministério das Mulheres, a vereadora goianiense Aava Santiago (PSDB) também entra na cota de nomes que o presidente gostaria de ver disputando o Senado em Goiás. Aava é fiel aliada do ex-governador Marconi Perillo, que agora preside a federal PSDB-Podemos, e qualquer decisão sobre aliança política depende, como diria o saudoso prefeito Iris Rezende, do “intindimento” com o padrinho político.
Mas Lula deu a senha no Recife, quando disse que a sua prioridade não é eleger governadores petistas, mas buscar alianças ao centro e à direita para garantir a eleição de aliados nos Estados e de uma bancada forte na Câmara e no Senado.

Marconi tem feito conversas com o PT e PSB sobre seu projeto de retornar ao Palácio das Esmeraldas, e uma chapa com Edward Madureira ou Adriana Accorsi na vice e Aava Santiago no Senado, pode alavancar o seu projeto e colocá-lo no segundo turno das eleições de 2026.
Em 2022, Lula teve 40% no primeiro turno e 41,30% no segundo turno; Marconi Perillo disputou o Senado e alcançou 626.662 (19,80%) e ficou em segundo lugar, perdendo a vaga para Wilder Morais (PL), que somou 799.022 (25,25%). Denise Carvalho (PC do B) alcançou 299013 (9,45%) votos, ou seja, se tivesse acontecido a aliança entre PSDB e a federação PT-PC do B-PV, Marconi teria garantido a cadeira no Senado.