Ao trocar o MDB pelo PL, Márcio Correia se aliou ao senador Wilder Moraes, provável adversário de Daniel Vilela em 2026
O MDB, partido que liderou a luta contra a ditadura em Goiás, teve em Anápolis, Goiânia e em Aparecida seus principais líderes. Em Goiânia e Aparecida o “manda-brasa” continua de pé, em Anápolis, nem tanto.
Marcus Vinícius de Faria Felipe
Em Anápolis o MDB liderado pelos irmãos Santillo (Henrique, Adhemar e Romualdo) impôs derrotas significativas à ditadura, seja com a eleição de Henrique Santillo à prefeitura em 1970 e ao Senado em 1978, seja com as três eleições de Adhemar Santillo no auge da ditadura em 1974, 1978 e em 1982.
Na redemocratização, o PMDB anapolino teve Romualdo Santillo e Onaide Santillo como representantes da Assembleia Legislativa por três mandatos, além das eleições de Adhemar Santillo à prefeitura e de Onofre Quinn ao Senado.
Márcio Correia, o maior investimento feito pelo partido nas últimas eleições, trocou a legenda para se filiar ao PL de Jair Bolsonaro, um apoiador confesso da ditadura e do que ela teve de pior: tortura, assassinato e perseguição de opositores.
Márcio Correia recebeu cerca de R$ 3 milhões do diretório estadual do MDB para sua candidatura a deputado federal em 2022. Ficou na suplência, e na primeira janela partidária saiu do MDB, deixando o partido e os candidatos a vereador sem estrutura nenhuma.
Em Aparecida de Goiânia o MDB iniciou sua saga com as eleições de Norberto Teixeira em 1982 para um mandato de seis anos até 1988. Seu sucessor, Sebastião Viana (1989-1992), preparou o caminho para o seu retorno em 1992. Ademir Menezes suscedeu Norberto em 1996.
Em 2004, o ex-governador Maguito Vilela atendeu ao pedido de seu ex-líder de governo, o ex-deputado estadual Liosmar Mendanha, o Leo Mendanha, e se candidatou à prefeitura do município. Venceu. Foi reeleito em 2008 e em 2012, fez Gustavo Mendanha o sucessor, que foi reeleito em 2020 e deixou a prefeitura para Vilmar Mariano.
Vilmarzinho era o candidato natural à reeleição, mas foi impedido de exercer sua prerrogativa. O MDB trouxe o ex-deputado federal Leandro Vilela para disputa, e o partido mostra que é competitivo e pode vencer, conforme mostram as últimas pesquisas.
Nas eleições de 2006 houve um fato curioso. Maguito Vilela foi candidato ao governo do Estado pelo MDB e trouxe para a vice, a deputada Anapolina Onaide Santillo. Para fazer contraponto, o governador Alcides Rodrigues (PP) compôs chapa com o ex-prefeito de Aparecida Ademir Menezes.
Aparecida venceu Anápolis naquela disputa, elegeno so governo do Estado a dupla Alcides-Ademir.
Maguito entendeu o recado, e refez sua carreira política em Aparecida.
Maguito foi prefeito e garantiu recursos vultuosos para o município junto ao governo federal, graças à sua amizade com o presidente Lula (PT), e depois com sua sucessora, Dilma Roussef (PT).
Maguito deixou de lado as diferenças partidárias e fez parceria com o governador Marconi Perillo (PSDB), que foi proveitosa para o município, principalmente em obras de para garantir aos bsirros fornecimento de água e saneamento basico.
Aparecida de Goiânia ganhou, e hoje é uma cidade invejada por outros municípios em Goiás e no Brasil.
E Anápolis?
Em Anápolis, o candidato que deixou o MDB, agora compra briga com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), criando complicações para o vice-governador Daniel Vilela (MDB), que no passado foi avalista de sua candidatura à Câmara Federal.
Marcio Correia chama o presidente Lula de “bandido” e não desmentiu o ex-presidente Jair Bolsonaro, que chamou Caiado de “covarde”. Queima pontes e fecha portas.
Se garantir a eleição de Leandro Vilela, o MDB de Aparecida vai ajudar a pavimentar a volta do partido ao governo do Estado, pois estará fortalecendo a candidatura de Daniel Vilela .
Em Anápolis, é o contrário. O apoio do MDB a Marcio Correia, joga água no moinho do senador Wilder Moraes (PL), provável adverário de Daniel em 2026.
Eis aí o dilema dos emedebistas anapolinos, ficar do lado de Daniel Vilela, ou de Wilder Moraes.